João Lourenço, na sua qualidade de porta-voz do triunvirato que Governa Angola (Presidente da República, João Lourenço, Presidente do MPLA e seu candidato eleitoral, João Lourenço, e Titular do Poder Executivo, João Lourenço), manifestou-se hoje satisfeito com o aumento da capacidade de produção de gasolina pela refinaria de Luanda, considerando incompreensível um país (há 46 anos governado pelo MPLA) com uma grande produção de petróleo bruto, mas com capacidade mínima de transformação.
João Lourenço, que falava no final da cerimónia de inauguração do complexo de produção de gasolina da refinaria de Luanda, disse que o petróleo bruto produzido era quase na sua totalidade exportado.
“Nós definimos como um grande desafio a enfrentar, a correcção desta situação, já vem acontecendo, não apenas com o lançamento da construção da refinaria de Cabinda, o lançamento da construção da refinaria do Soyo e agora a inauguração desta unidade que vem ampliar em quatro vezes a capacidade de produção de gasolina da refinaria de Luanda”, afirmou João Lourenço.
O chefe de Estado (ou terá sido o cabeça-de-lista do MPLA às eleições de Agosto?) realçou que está a ser cumprido o objectivo de Angola ficar cada vez menos dependente da importação de produtos refinados.
“Nós vendíamos a nossa matéria-prima e comprávamos, no fundo, aos mesmos compradores da nossa matéria-prima, comprávamos-lhes o produto acabado que são o diesel e a gasolina, portanto, vamos reduzir [isso] de forma considerável, nos próximos anos (…) sobretudo a partir do momento em que tivermos concluído, e em funcionamento, a grande refinaria do Lobito que vai tornar o nosso país auto-suficiente em refinados de petróleo”, sublinhou.
O Presidente angolano mencionou igualmente que o país vai poupar “bastantes divisas” na importação de gasolina, não apenas com a inauguração da refinaria de Luanda, mas no conjunto dos projectos em curso.
“Daqui a dois, três, anos, acredito que a redução em termos de dispêndio de divisas com a importação de combustíveis vai ser bastante grande”, salientou.
Angola vai poupar anualmente cerca de 300 milhões de dólares (280 milhões de euros), na importação de gasolina, com a quadruplicação deste derivado de petróleo na refinaria de Luanda, passando da produção de 395.000 para 1,5 milhões de litros de gasolina por dia.
Sonangol e Eni assinam memorando sobre bio-refinaria em Luanda
As petrolíferas angolana Sonangol e italiana Eni assinaram hoje um memorando para o início dos estudos que visam a construção de uma bio-refinaria nas instalações da refinaria de Luanda.
Segundo o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás angolano, Diamantino Azevedo, a escolha da refinaria de Luanda visa essencialmente aproveitar sinergias com o já existente, nomeadamente equipamentos, mão-de-obra qualificada, e poupança nos custos de investimento.
Na sua intervenção, na inauguração do complexo de produção de gasolina da refinaria de Luanda, Diamantino Azevedo sublinhou que uma bio-refinaria é considerada uma das tecnologias-chave para a descarbonização, que dará origem a uma cadeia de valor multissectorial, com a integração da agricultura e outras indústrias.
“Irá trazer investimentos na agricultura, porque será baseado na produção de rícino, que irá alimentar a bio-refinaria e como vêem é mais um contributo do sector de hidrocarbonetos para a diversificação da economia”, afirmou o ministro em declarações à imprensa.
Sobre o memorando, o director-geral da Divisão de Recursos Naturais da Eni, Guido Brusco, destacou as iniciativas sustentáveis e ambientais do projecto, tais como a reabilitação do ciclo combinado, que será alimentado por hidrogénio e a energia eléctrica agora produzida reciclando gás como uma redução líquida de emissões poluentes do dióxido de carbono.
“Por todas estas razões quero felicitar o Governo angolano, o conselho de administração da Sonangol e a refinaria de Luanda, os seus gestores e trabalhadores pela concessão e realização aqui neste local de um projecto de tão grande relevância estratégica para a economia nacional”, disse.
De acordo com um comunicado da Uni, a nova unidade de platforming da Refinaria de Luanda foi inaugurada por João Manuel Gonçalves Lourenço e pelo do Director de Recursos Naturais da Eni, Guido Brusco, em representação do CEO da Eni, Claudio Descalzi, entre representantes do Governo central e da Sonangol.
O evento marca a conclusão do projecto da Eni para a expansão e modernização da Refinaria de Luanda. Na mesma ocasião, a Eni e a Sonangol assinaram um Memorando de Entendimento para dar continuidade ao apoio às actividades de expansão e modernização da Refinaria de Luanda.
O projecto de expansão e modernização visou aumentar para quatro vezes a capacidade de produção de gasolina da Refinaria, para 450 mil toneladas por ano. Como parte do projecto, o Ciclo Combinado foi reabilitado de modo a ser alimentado pelo hidrogénio produzido pela nova unidade de platforming, sendo agora produzida energia para a reciclagem de gás com uma redução líquida das emissões poluentes.
O Director de Recursos Naturais da Eni, Guido Brusco, comentou que “a conclusão bem sucedida deste projecto é mais uma demonstração da longa e frutuosa parceria estratégica entre a Sonangol e a Eni. A Refinaria de Luanda pode contar com o empenho da Eni em continuar a apoiar futuros possíveis esforços de expansão e modernização”.
“O projecto de modernização e expansão baseia-se num compromisso assumido pela Eni com o Governo de Angola, e aproveita o know-how e perícia da Eni e a sua longa cooperação com a Sonangol. O projecto teve um impacto positivo na geração de emprego e proporcionou oportunidades de formação a mais de 100 funcionários da Sonangol que beneficiaram de formação pela Eni em Milão, Sannazzaro, Livorno, Taranto e Luanda”m explica o comunicado da Eni.
A Eni tem estado presente em Angola desde 1980. Actualmente, a empresa opera os Blocos 15/06, Cabinda Norte, Cabinda Centro, 1/14, 28 e em breve o Novo Consórcio de Gás (NGC), e tem ainda participações nos Blocos 0 (Cabinda), 3/05, 3/05A, 14, 14 K/A-IMI, 15 e também no Angola LNG.
Em Março de 2022, a Eni assinou um acordo com a bp para formar uma empresa conjunta denominada Azule Energy, combinando os negócios de ambas as empresas em Angola.
O Memorando de Entendimento assinado hoje será apoiado pela Azule Energy após a data de conclusão da transacção, sujeita à ocorrência da conclusão e à obtenção de autorização das autoridades antitrust.
Folha 8 com Lusa